segunda-feira, 19 de abril de 2010

CÉSIO 137 - PARTE II - SEQUELAS

As seqüelas deixadas pelo segundo maior acidente radiológico do mundo foram apresentadas de imediato, nas pessoas diretamente contaminadas, ou seja, as 4 vítimas fatais do acidente.

Depois de vinte anos, a cidade de Goiânia ainda contabiliza as conseqüências, no que diz respeito à assistência à cerca de 700 pessoas oficialmente monitoradas pela SULEIDE (Superintendência Leide das Neves).

Segundo a Superintendência, as seqüelas biológicas, como mutações genéticas, que esse tipo de acidente pode causar, até o presente momento, não foram detectadas, e não se pode afirmar a existência de nexo causal com a radiação disseminada pelo acidente.

Um alto nível de radiação pode apresentar alterações biológicas como cardiopatias, dermatoses, perda de dentes, problemas ginecológicos e diversas patologias oncológicas e a perda de membro. Não existem estudos comprobatórios de síndromes desenvolvidas sob o impacto de baixa radiação.

As vítimas do acidente são monitoradas constantemente pela Superintendência, com assistência nas diversas áreas médicas: clínico geral, cirurgião pediátrico, cardiologista, que atendem na própria Superintendência, além de acompanhamento psicológico e de assistentes sociais. As consultas ginecológicas, dermatológicas e odontológicas são prestadas no Hospital Geral de Goiânia.

O maior impacto sofrido pelas vítimas, é o psico-social, devido à discriminação da sociedade, nos dias imediatamente subseqüentes ao acidente, e é até hoje uma chaga aberta na vida das mesmas. Aliás, todos os moradores de Goiânia, foram de alguma maneira discriminados nos meses que se seguiram ao acidente, como negativa de estadia em hotéis, contratos de venda e aluguel de imóveis aos acidentados indiretos rescindidos, sem falar nas conseqüências econômicas que o Estado de Goiás teve que enfrentar para superar a tragédia.

O Estado de Goiás vem cumprindo seu papel assistencial às vítimas, dentro das possibilidades médicas que o Estado oferece, mas as pesquisas continuam, e vale lembrar que a população contaminada começa a envelhecer, cujo processo apresenta uma incidência maior de doenças e se essas doenças são em decorrência da radiação, não se pode afirmar.

Uma questão que depois de 20 anos ainda atormenta a população goianiense: o nível de radiação em Goiânia é maior que em outro ponto do país?

Fato é que essa triste realidade faz parte da história de Goiânia, e deve servir de alerta a gerações futuras quanto ao uso de equipamentos radiativos sem o devido cuidado.

Goiânia, após 20 anos do segundo maior acidente radiológico ocorrido no mundo, fora das usinas nucleares, superou o estigma de cidade contaminada pela radiação, e recuperou os índices de crescimento econômico da cidade.

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